Resumo Tese

SOUZA, Paulo Roberto de. CAMINHOS DE RESISTÊNCIA: DO PODER
SINDICAL AO PODER POLÍTICO — memórias de lutas dos trabalhadores da
USIMINAS — 1960–88. 203 f. 2014. Tese (Doutorado em História) — Instituto de
História, Universidade Federal de Uberlândia.

Ao analisar a trajetória de vida de trabalhadores de diversas áreas da atuação  deparamos com processos de exploração que os capitalistas impõem sobre a classe trabalhadora, com a finalidade de gerar mais capital ainda. Na cidade de Ipatinga – MG foi construída uma siderúrgica e essa construção envolveu mudanças de hábitos da população local, incluindo a implantação de uma disciplina rígida sobre os trabalhadores, conhecida como “Cultura Usiminas”. Esse modelo disciplinar envolvia também, o controle do Sindicato representante dos operários locais, com interferência direta da empresa nas eleições, até mesmo impedindo a formação de chapas de oposição que visassem tomar a instituição ao controle dos trabalhadores. Até que, em uma complexa combinação de resistência e ousadia, um grupo conseguiu, de forma velada, registrar uma chapa de oposição e as eleições sindicais transformaram o cotidiano da população, que teve envolvimento direto na disputa empreendida pelos desafiantes. A empresa mostrou sua determinação, ameaçando direta e indiretamente, caso o grupo opositor vencesse as eleições e a estratégia do medo resultou na vitória da situação, com apoio explícito da direção da empresa. Entretanto, o processo histórico de formação da chapa de oposição deixou claro que a maneira como os trabalhadores criaram laços com as famílias dos operários, permitiu que boa parte deles se lançasse na disputa pelo poder político local, logo após a demissão sumária de todos os candidatos de oposição sindical. A nova proposta foi acolhida pela população e na primeira eleição municipal ocorrida após a formação da Chapa Ferramenta, esses trabalhadores conseguiram conquistar o poder político em Ipatinga, desbancando os políticos tradicionais da cidade e implantando uma administração com a participação do povo. Os conflitos ocorridos logo após a inauguração da empresa, na década de 1960, ficaram presentes na memória da população, e, ao que parece, influenciaram fortemente nas disputas que ocorreriam na década de 1980. Nesse jogo de opressão e resistência os operários desafiaram a “Cultura Usiminas” que mantinha o controle das ações dos trabalhadores e da população local e nesse pleito que os consagrou no poder político, os espaços que outrora eram ocupados pela oligarquia política local e a direção da empresa, passou a ser dividido entre a Direção da empresa e os trabalhadores demitidos por ela, em função das disputas pela administração sindical.

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